BMW e Daimler saem dos projetos de mobilidade

Os fabricantes de automóveis alemães anunciaram a decisão chocante, citando a falta de infraestruturas e os elevados custos da eletrificação.

Em fevereiro de 2019, os gigantes automóveis BMW e Daimler aliaram-se para combinar as suas soluções de mobilidade Car2go e DriveNow, com o compromisso de expandir os serviços a 90 cidades, investindo 1,1 mil milhões de dólares americanos em infraestruturas. Entretanto, a BMW e Daimler anunciaram que irão a abandonar os serviços de mobilidade nos EUA, Canadá e Reino Unido a partir de fevereiro de 2020. Passam, assim, a operar em 18 cidades europeias, pois acreditam que estas áreas mostram o maior potencial de crescimento no mercado da mobilidade.
Muitos fabricantes de automóveis acreditam que a adoção da tecnologia de nível 5 - mobilidade totalmente autónoma - no mercado de massas está bem mais longe do que os players digitais tinham prometido. Agora é pouco provável que tal aconteça antes de 2050, pelo que o atenuar das ambições não constitui surpresa. Embora os fabricantes de automóveis tenham tentado proteger-se afastando-se do fabrico tradicional para serem prestadores de serviços, o maior problema que enfrentam é a adoção de Veículos Elétricos a Bateria (BEV).

As tendências demográficas indicam que 70% da população mundial viverá em grandes cidades. Juntamente com o congestionamento crescente, o transporte público adequado e a micro-mobilidade significam que as pessoas são menos propensas a querer possuir um veículo. Da mesma forma, a falta de infraestruturas e a autonomia limitada das baterias fazem com que a procura de Veículos Elétricos (VE) em localidades rurais seja baixa. Mesmo que as pessoas possam ser persuadidas a investir na tecnologia dos Veículos Elétricos (VE) e Veículos Elétricos de Células de Combustível (VECC), há pouco incentivo para que os fabricantes invistam a longo prazo.
Em última análise, os fabricantes de automóveis precisam de trabalhar em estreita colaboração com os reguladores municipais para se empenharem mais em soluções de transporte público ecológicas. Nesta perspetiva, parece provável uma maior consolidação do setor, como a recente fusão do Groupe PSA e da Fiat Chrysler Automobiles (FCA).

Com o investimento futuro do setor em soluções de transporte e infraestruturas inovadoras, os fabricantes de automóveis podem abrir caminho para uma mobilidade mais ecológica para todos.